Top – Os Melhores Filmes de 2015

capa - melhores filmes do ano

Chegou a hora da lista que todos vocês estavam esperando, só que não.

Piadas ruins à parte, todos os fins de ano eu faço uma lista com os meus filmes prediletos daquele respectivo ano. Normalmente é uma lista com apenas dez filmes, porém, 2015 se mostrou tão ótimo que dobrei esse número e decidi falar sobre os vinte melhores filmes de 2015.

Mesmo com muitos filmes figurando a lista, foi muito difícil realizar alguns cortes, fosse por causa do ranking mesmo ou por considerar apenas lançamentos no circuito comercial no Brasil (seja em VOD ou nos cinemas). Enfim, chega de blá blá blá e vamos ver logo a lista dos eleitos por mim como os vinte melhores filmes de 2015. Preparados? Não? Segura essa marimba, monamour!

20 – Mistress America (Mistress America), dirido por Noah Baumbach

Até este ano, eu nunca havia visto nenhuma obra de Baumbach. Mesmo ouvindo falar bastante do diretor, que possui muitos detratores e admiradores, eu nunca tinha sentido alguma vontade de ver uma de suas obras. Depois de Mistress America, posso dizer que eu me arrependo disso. Poucas vezes assisti a uma sessão tão doce, leve e agradável quanto à desse filme. Saber rir de si mesmo na dose certa para que a trama e os personagens permaneçam críveis é algo bem difícil de fazer, e Baumbach conseguiu acertar o tom da direção e (junto de Gerwig) do roteiro dando origem a uma pequena pérola deste ano.

19 – O Presente (The Gift), dirigido por Joel Edgerton

Quando fui assistir O Presente nos cinemas, por algum motivo eu achava que todos os elogios a este filme eram um exagero e que o filme era só mais um suspense superestimado. Felizmente eu estava errado e este filme foi a minha maior surpresa deste ano. Conduzindo a sua câmera de maneira instigante, Edgerton consegue criar todo o clima de tensão aproximando-se com cautela de cada ambiente que coloca em tela, e faz isso com o auxílio de uma trilha sonora sutil, mas eficiente. Além disso, o roteiro, que pode parecer confuso inicialmente, demonstra a sua força nos vários momentos em que suscita questões morais e que também nos presenteia com um final nada menos que sensacional. Definitivamente a minha maior surpresa de 2015.

18 – O Duplo (The Double), dirigido por Richard Ayoade

Se me perguntassem “Você compreendeu tudo o que O Duplo queria passar?”, muito provavelmente a resposta seria “Nem tentei”. Não que eu ache que não vale a pena ou que este seja um filme raso, nada disso. Só que, desde seu início estava claro pra mim que o mais interessante seria mergulhar na atmosfera paranoica da obra ao invés de tentar disseca-la completamente. Acho que fiz a escolha correta, pois foi uma das melhores experiências que tive esse ano. A cada coisa estranha que acontecia eu ficava mais curioso para saber o que mais poderia surgir. A cada interação de Simon com a sua cópia eu ficava mais fascinado pela obra. A cada minuto que se passava, O Duplo me conquistava cada vez mais e garantia o seu lugar aqui.

17 – Amy (Amy), dirigido por Asif Kapadia

Amy Winehouse teve uma vida conturbada e qualquer um que não se escondeu em uma colina nos últimos dez anos tem plena consciência disso. Dito isso, ao saber que a cantora teria sua vida retratada em um documentário, o que eu esperava era uma dessas duas coisas: ou documentário seria sensacionalista ou ele seria negligente e unidimensional. Eis que eu assisto ao filme e percebo que ele não caiu em nenhum dessas escolhas fáceis, mas sim em uma terceira categoria muito mais bem sucedida como Cinema. Kapadia conseguiu retratar a história de Amy com uma sensibilidade incrível, mostrando ao público a construção da artista/celebridade e o quanto essa construção afetava a cantora pessoal e emocionalmente. E ele fez isso relacionando cada etapa da vida de Winehouse com uma de suas músicas, o que se mostrou como uma escolha inteligente e impactante. Até quem não a admirava como cantora deve ter se sentido tocado com esse belo documentário.

16 – Orgulho e Esperança (Pride), dirigido por Matthew Warchus

Quando se fala em filmes com temáticas sobre as minorias, é sempre fácil pisar em ovos. Estereotipar cada um dos lados é um caminho muito fácil e simples, tratar as maiorias como vilãs e as minorias como mocinhos é um risco recorrente à obra do estilo. Felizmente, Orgulho e Esperança segue o caminho oposto e humaniza todos os personagens que aparecem em tela, conseguindo assim criar uma história tocante, convincente e linda de se ver. É inacreditável a habilidade que o filme tem colocar um sorriso no rosto do espectador ao mesmo tempo em que consegue arrancar algumas lágrimas do mesmo. Através de um elenco irretocável, Warchus conduz a sua narrativa sem pesar a mão em momento algum, tornando um tema sério em algo consideravelmente leve, divertido e delicioso de se assistir. Com um carisma enorme desses, é claro que o filme não tinha como não aparecer nessa lista.

15 – Kingsman: Serviço Secreto (Kingsman: The Secret Service), dirigido por Matthew Vaughn

Sou um fã de Matthew Vaughn. De seus quatro filmes anteriores à Kingsman, três estão no meu top 100 (um número que pode parecer grande, mas é MUITO difícil escolher apenas 100 dentre tantos filmes que eu vi), então minhas expectativas para esse aqui eram altíssimas. Embora ele não tenha atingido o nível dos três filmes do meu top 100, isso não significa que ele não seja um ótimo filme, porque ele o é.  Fazendo uma espécie de homenagem mesclada com sátira aos filmes de espiões, o mais novo trabalho de Matthew Vaughn é repleto de momentos bem humorados (Eggsy roubando o carro no início), tensos (as provas para os aspirantes se tornarem um kingsman) e bastante criativos (a explosão de “fogos” ao final do filme é sensacional!) que ajudam a dar origem a um dos filmes mais insanos do ano. L. Jackson está bastante divertido como Valentine, Egerton surge como um novo talento a se prestar atenção com o seu carismático Eggsy, mas o filme é de Colin Firth e seu inesperadamente hilário Harry Hart, que rouba a cena em qualquer momento que aparece. Como se isso não fosse o bastante, o filme ainda é dono de uma das melhores cenas do ano, que é a da igreja. Com Kingsman: Serviço Secreto, Vaughn prova mais uma vez ser um dos diretores que melhor consegue entregar um entretenimento para a grande massa com uma qualidade de Cinema inquestionável.

14 – Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash), dirigido por Damien Chazelle

O subtítulo dado pela distribuidora foi “Em Busca da Perfeição”, mas um título mais adequado seria “Embate Pela Perfeição” porque é disso que o filme se trata, de um grande confronto entre os egos de um aluno e do professor. Chazelle consegue retirar de cada cena uma exaustão tão grande que, mesmo que o filme possua menos de duas horas de duração, a sensação que parece é que estamos mergulhados no filme há muito mais tempo, e isso é um grande elogio. Do início das aulas ao concerto no final, somos levados por uma montanha-russa de emoções que a todo o momento ameaça cair e causar um grande desastre. Nada disso seria possível se não tivéssemos um irretocável trabalho de som, uma montagem incrível e dois ótimos atores dando vida ao aluno e ao professor, e felizmente temos cada um desses aspectos no filme. Mesmo assim, creio que o filme não seria tão funcional se não tivesse a presença do excelente J.K. Simmons, cuja persona não poderia encontrar personagem melhor para aproveitar. Em uma das atuações mais monstruosas da década até agora, Simmons consegue estabelecer o tom imponente e ameaçador do personagem desde uma simples alteração na voz até uma mudança drástica na linguagem corporal do mesmo. A cena final é de tirar o fôlego!

13 – A Teoria de Tudo (The Theory of Everything), dirigido por James Marsh

Muito se falou sobre o filme não retratar a história de Hawking como deveria, que o filme deveria ser mais ousado e menos “quadrado” ao mostrar a vida de um grande cientista, que ele deveria focar em Hawking e não no romance e etc. É por esse tipo de reclamação que eu não costumo criar expectativas para filmes. Todas elas parecem dizer “eu esperava isso, mas não tive isso e vou reclamar porque criei expectativas equivocadas”, o que é um erro porque o filme não prometeu focar em Hawking como. Em qualquer trailer sobre o filme, fica bastante claro que ele tratava-se sobre Stephen e Jane antes de qualquer coisa, até no próprio filme isso fica claro, pois a primeira cena é o primeiro encontro dos dois! Ao alimentar expectativas errôneas, o espectador privou-se de ver um belo filme que era apenas diferente do esperado. Ao focar no romance, deixando o trabalho e a pesquisa de Hawking em segundo plano (mesmo ressaltando a importância desses aspectos na vida do casal), perdemos uma biografia sobre um cientista e ganhamos uma das interações mais belas do ano, pois a dinâmica entre Redmayne e Jones é linda de se ver. E os dois também estão muito bem separadamente, pois Redmayne retrata de dignamente a forma que a doença afeta Hawking conseguindo ainda transmitir a emoção mesmo com a caracterização enquanto Jones mostra-se como a força silenciosa do filme, conduzindo a trama com o seu significativo olhar e conferindo à Jane uma determinação sobrenatural. Embalado por uma fantástica trilha sonora, A Teoria de Tudo é um belo retrato sobre a capacidade de não desistir, seja sob o olhar de Jane, seja sobre olhar de Hawking.  Talvez a teoria sobre a qual o título se refere não seja apenas em relação à pesquisa do protagonista.

12 – Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) [Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance)], dirigido por Alejandro González Iñarrítu

Sim, a crítica de Birdman sobre a indústria não é uma das mais inspiradas, revolucionárias ou até mesmo válidas que o Cinema já originou, porém isso não tira, de forma alguma, os méritos deste filme. Ritmo frenético, carregado de acidez, cheio de diálogos afiados, todo o trabalho que vemos em tela montam uma grande sinfonia que tornam Birdman um dos filmes mais divertidos do ano. O plano-sequência impecavelmente levado durante quase toda a sua duração deixa o longa hipnótico, de maneira que é impossível desgrudar os olhos da tela em seus quase 120 minutos, pois, além de fazer com que tudo pareça uma coreografia bem elaborada, o espectador busca qualquer pequeno momento que denuncie a natureza falsa desse trabalho de fotografia, mas Lubeszki não deixa isso acontecer em momento algum. E ainda temos Keaton em uma atuação completa, onde ele se entrega como nunca havia feito antes e nos proporciona o seu melhor trabalho e facilmente o melhor dentre os indicados ao Oscar deste ano. O final é um dos mais deliciosamente irônicos do ano.

11 – A Travessia (The Walk), dirigido por Robert Zemeckis

Zemeckis é um dos diretores mais climáticos que eu conheço. Em todos os seus filmes, há ao menos um momento de nos fazer prender a respiração e esperar ansiosamente pelo desfecho desse momento. A Travessia não é exceção a essa regra e é uma das obras mais empolgantes que vi deste ano. Sempre focando sua câmera na corda bamba, Zemeckis nos lembra constantemente quem é a verdadeira protagonista do filme e faz isso colocando-a sob um ponto de vista que mistura respeito e medo sobre o objeto. A cada treino e travessias que vemos na história de Petit (interpretado dignamente por Gordon-Levitt), somos tomados por uma mistura de humor e tensão que deixa qualquer um inquieto. Mas é na preparação para a travessia sobre a qual o título do filme refere-se que o filme encontra o seu maior sucesso. Usando o 3D como poucos antes, o diretor consegue aproveitar a tecnologia a favor da obra ao fazê-la expandir exponencialmente a capacidade climática da cena e torna-la ainda mais agoniante do que ela já seria. É impossível ver um espetáculo visual e uma construção de atmosfera deslumbrante e não colocar a obra em uma lista de melhores do ano.

10 – Corrente do Mal (It Follows), dirigido por David Robert Mitchell

Não sou fã ou um grande admirador do gênero terror. Fora algumas obras pontuais, é muito raro o gênero nos apresentar algo que fuja de estereótipos e/ou sustos fáceis. Felizmente, Corrente do Mal é um desses casos raros. O filme tem lá um ritmo irregular e um roteiro que oferecia mais do que o filme proporcionou, entretanto o longa ainda consegue estabelecer uma atmosfera aterrorizante utilizando apenas dois aspectos: a fotografia e a trilha sonora. Enquanto o primeiro constrói planos fascinantes e eficientes, o segundo aspecto é o grande destaque do filme. Maravilhosamente composta por Disasterpeace (sim, esse é o nome do compositor), a trilha sonora abusa do clima retrô para montar a atmosfera inquieta da obra, reverencia as trilhas de terror de filmes dos anos 80 e nos presenteia com algumas faixas que já nascem clássicas. Apostando mais na construção de clima do que em sustos (que estão lá. E são ótimos), Corrente do Mal é um dos melhores exemplares do terror que o Cinema apresentou nos últimos anos.

9 – Dois Dias, Uma Noite (Deux Jours, Une Nuit), dirigido por Jean-Pierre e Luc Dardenne

Questões morais, retratar a realidade de uma sociedade em crise, ausência de trilha sonora e câmera de mão constante são apenas alguns dos ingredientes formam o ótimo trabalho dos Dardenne que ocupa o nono lugar dessa lista. Usando poucos (ou até nenhum) artifícios e apresentando uma obra quase que inteiramente crua, os diretores são felizes em suas escolhas para retratar o drama da protagonista, seja relacionado à trama central relacionada ao emprego, seja relacionado à sua vida pessoal. No entanto, nada disso seria eficiente se a atriz que desse vida à protagonista não fosse excelente. Marion Cotillard é uma excelente atriz que já tem um trabalho gigantesco nas costas com sua interpretação de Edith Piaf, e aqui ela é essencial para que o filme funcione. Mostrando sua Sandra, que está em uma constante luta interna, batalhando para manter o seu emprego, a atriz consegue criar várias camadas para a personagem, conferindo a ela uma complexidade necessária para que consigamos compreender cada uma de suas nuances e para que torçamos pelo seu sucesso em cada luta. É por essa comoção genuína que Dois Dias, Uma Noite não poderia faltar nessa lista.

8 – Que Horas Ela Volta? (Que Horas Ela Volta?), dirigido por Anna Muylaert

Assim como a posição anterior, Que Horas Ela Volta? trata-se de um olhar sobre a sociedade. Só que, enquanto o filme dos Dardenne tratava mais sobre uma crise econômica, aqui Muylaert dá um destaque maior sobre o grande número de preconceitos velados na sociedade brasileira através de duas situações: um membro da família se separando do restante para oferecer uma vida melhor para eles e a vida das empregadas domésticas no país. Com isso, a diretora consegue, de maneira absurdamente bem sucedida, gerar reflexões sobre os costumes que permeiam o nosso dia-a-dia (e que nos parecem normais) e também nos emocionar com uma comovente relação entre mãe e filha. Aliás, é dessa última relação que vemos o maior trunfo do filme, que é a atuação de Regina Casé. Conseguindo transmitir o máximo de emoção com o mínimo de esforço, Casé é o coração da obra. Ao transitar entre o tom melancólico e cômico com uma facilidade extrema, a atriz apresenta um trabalho magistral e de causar inveja a várias atrizes mais conhecidas do grande público. Um filme essencial para a época atual da sociedade brasileira e que aparece aqui com todo o louvor.

7 – Perdido Em Marte (The Martian), dirigido por Ridley Scott

Ressuscitando um viés de ficção-científica que andava perdida com a seriedade que predomina o gênero atualmente, Perdido em Marte é facilmente uma das maiores surpresas do ano. Dirigido por um alguém que está passando por um má fase, com uma premissa absurda demais para funcionar e com Matt Damon protagonizando (filmes com Matt Damon no espaço não tem dado resultados tão satisfatórios assim), o que menos se esperava era o que tivemos aqui: uma ótima direção de Scott acompanhada da melhor atuação que já vi de Damon e um filme enérgico e bastante divertido. Adaptado de um best-seller que ainda não li, o filme tem um roteiro que usa bastante humor e referências à cultura pop/nerd, o que, ao invés de soar apelativo, torna-se essencial para nos aproximar da trama e dos personagens, isso além de fazer com que a narrativa flua organicamente e estabeleça momentos que transmitam a urgência da situação do protagonista. Uma obra mais cativante do que poderia se esperar e que merece, sem a menor dúvida, um lugar nesta lista.

6 – Star Wars: O Despertar da Força (Star Wars: The Force Awakens), dirigido por J.J. Abrams

Há 10 anos, Star Wars fazia a sua última visita aos cinemas e encerrava uma trilogia fraca com um filme que é bom demais para ela. Até então, aquele parecia ser o fim da jornada da série no Cinema e era um fim bastante digno. Entretanto, decidiram revisitar o universo criado por Lucas novamente em 2015 e eu estava com muitos pés atrás em relação a esse retorno. Mas aí veio o primeiro trailer e elevou minhas expectativas para níveis estratosféricos, eu mal podia esperar para ver o que esse filme nos reservava. Admito que minhas expectativas não foram completamente atingidas por causa de certa ausência de originalidade do episódio, mas mesmo assim o filme conseguiu me fisgar com o que foi apresentado. Importante socialmente, complexo emocionalmente e intenso como nenhum outro exemplar da franquia, O Despertar da Força mescla referências (e reverências) ao restante da série com toques de originalidade pontuais que formam um resultado bastante nostálgico. A escolha de Boyega, que possui um excelente timing cômico, e de Ridley, que é um novo “must look” na indústria, revela-se ser bastante acertada, pois ambos possuem um enorme carisma e conquistam o público com certa facilidade. Encerrando o filme com vários assuntos pendentes para os próximos exemplares (a cena final é sensacional), o sétimo episódio de Star Wars oferece uma sobrevida inesperada à saga assim como garante indubitavelmente um lugar entre os melhores do ano.

5 – Ex-Machina: Instinto Artificial (Ex Machina), dirigido por Alex Garland

Filmes que abordam inteligência artificial passam longe de ser uma novidade. Desde sempre, a humanidade (e, por consequência, o Cinema) mostrou grande interesse nas possibilidades que a evolução tecnológica oferecia. Pensando nisso, Garland elabora um roteiro que parte da premissa de nos apresentar um programador que participa de uma experiência do primeiro contato de um androide com um humano que não seja seu criador. A partir disso, o filme desenvolve-se em uma teia de discussões sociológicas, filosóficas e morais, criando um clima imersivo de paranoia capaz de envolver até o espectador mais cético quanto ao assunto. Para não revelar detalhes da trama a fim de não estragar a experiência de quem ainda não assistiu a essa maravilha (tenha vergonha na cara e vá vê-lo o quanto antes!), só me resta aplaudir ao trabalho minucioso de composição de Vikander com sua Ava, pois ela consegue transmitir emoção o suficiente para conquistar o espectador ao mesmo tempo em que mantém certa frieza que nos relembra de que ela é, antes de tudo, uma máquina. Um filme que não prometeu quase nada e entregou um resultado fantástico.

4 – Phoenix (Phoenix), dirigido por Christian Petzold

Antes de tudo, quero avisar que o texto sobre Phoenix será ligeiramente menor que o dos outros porque me faltam palavras para descrever o quão profundamente esse filme me atingiu. Embora o filme seja ótimo por completo, o trabalho de Nina Hoss e a cena final são tão, mas tão extraordinários, que citar qualquer outra coisa pra justificar a posição seria injusto com esses outros aspectos. Se você precisa de mais argumentos, só me resta dizer: veja o filme e sinta tudo aquilo que ele pode proporcionar.

3 – Eu, Você e a Garota que Vai Morrer (Me and Earl and the Dying Girl), dirigido por Alfonso Gomez-Rejon

Antes de assistir ao filme, eu esperava mais um exemplar sobre uma doença terminal, que retratasse os adolescentes da maneira mais clichê e que fosse o mais melodramática possível para tentar arrancar lágrimas de seu público, contudo, o que eu vi foi uma obra completamente diferente disso. Criativo e cheia de referências ao Cinema, Eu, Você e a Garota que Vai Morrer é hilário, emocionante e extremamente sincero, justamente aquilo que a grande maioria dos filmes sobre adolescentes tentam ser, mas não conseguem. Dirigido com sensibilidade, o longa consegue transitar entre o cômico e o triste no mesmo segundo com eficiência ímpar (é só lembrar da cena onde Rachel conta sobre sua decisão sobre a doença para Greg ao final do filme), retratar o quão difícil a adolescência pode ser sem tornar-se conivente com as decisões de seus personagens e, por fim, mostra a amizade entre o trio de jovens de maneira convincente e cativante. Aliás, esse trio é interpretado por excelentes atores que merecem todo o reconhecimento pelo trabalho incrível que eles apresentam aqui, ampliando o carisma de cada personagem. Pode até não ser o mais original dos trabalhos, mas tem um coração enorme que suprime isso e sua medalha de bronze deixa isso bem claro.

2 – Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road), dirigido por George Miller

Ao estrear, Mad Max: Estrada da Fúria fez um enorme barulho por todos os lugares. Crítica e público abraçaram o filme rapidamente e ele se tornou uma das maiores aprovações universais dos últimos anos. Admito que nunca vi a trilogia antiga de Mad Max e que o trailer não me empolgou para ver o filme, mesmo assim, algum tempo após o seu lançamento, estava eu na sala de cinema sem saber o que esperar que justificasse todo esse hype em torno do filme. Só me resta dizer que eu saí da sala tocando uma guitarra que jorra fogo e dizendo “What a day! What a lovely day!”. A capacidade que Miller teve em tornar esse filme em uma sinfonia insana e imersiva de um conjunto de cenas de ação é invejável. Mesmo não sendo muito fã de filmes de ação, o filme injeta tanta adrenalina no espectador que é difícil se manter sentado ao assisti-lo, isso sem falar no 3D que amplifica todo o espetáculo visual de cair o queixo. O elenco está ótimo, com Theron roubando a cena. A trilha sonora é uma das minhas favoritas do ano, e todas as vezes que eu quero tornar alguma ação em algo épico (tipo digitar um texto sobre os 20 melhores filmes do ano), eu a ouço para causar tal efeito. Os efeitos visuais, a fotografia e a edição de som estão estupendas, mas é a montagem a principal causa do sucesso do longa. Ela confere à Estrada da Fúria uma dinâmica envolvente e frenética que expande ainda mais a capacidade da obra de ser uma obra nada menos que sensacional. Uma prata pra ninguém botar defeito.

1 – Divertida Mente (Inside Out), dirigido por Pete Docter e Ronaldo Del Carmen

Desde quando soube de sua premissa, eu fiquei muito ansioso para esse filme da Pixar. Tudo parecia indicar que aqui veríamos toda a capacidade do estúdio de criar uma daquelas obras definitivas que marcam aqueles que a assistem, então qualquer erro, por mínimo que fosse, não passaria despercebido por mim. Ainda bem que tudo estava indicando o resultado correto e Divertida Mente é mais uma obra prima do estúdio. Do design da mente ao das emoções, de sua trilha sonora ao roteiro irretocável, dos sacadas de humor às emocionantes reflexões sobre o quão duro é amadurecer, o filme é de inteligência e delicadeza únicas, capaz de satisfazer tanto aqueles que avaliem a obra de forma mais racional ou emocional. As boas sacadas (a cena de fato e opiniões e o filtro de realidade são sensacionais), as referências (“Forget it, Jake. It’s Cloudtown”), a retratação de uma aventura infantil com várias camadas, o fato de a Alegria sentir todas as cinco emoções do filme (e na ordem inversa pela qual elas foram apresentadas), a mensagem do mesmo, simplesmente não há nada fora do lugar ou que eu mudaria. É um daqueles trabalhos que surgem raramente e nos impactam como poucos. Eu poderia ficar falando horas, dias, meses, o tempo que fosse possível falando o porquê de Divertida Mente estar em primeiro lugar, mas ainda assim seria pouco diante da genialidade do que foi entregue. O melhor filme que eu vi esse ano e um ouro mais do que merecido.

Tem ainda algumas menções honrosas que quase entraram na lista como A Espiã que Sabia de Menos, Longe Deste Insensato Mundo e Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência, mas acho que, no final, prefiro um tantinho mais aqueles que entraram na lista final do que esses (o que não significa que esses sejam necessariamente inferiores).

Bom, despeço-me de vocês e de 2015 com essa lista e espero que vocês tenham gostado dela. Até ano que vem, galera!

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